Como qualquer music addict preciso começar este texto com o verso de uma música da cantora Jessie J que me chamou muito a atenção: “Seems like everybody’s got a price” – cuja tradução seria “Parece que todo mundo tem um preço”. E é verdade! Quanto mais o tempo passa, mais percebo o quanto as coisas materiais, palpáveis, exóticas e, em sua maioria, sem sentido, têm mais preferência do que presentes mais simples e significativos. Presentes que precisam ser parcelados em 3X sem juros no cartão de crédito, presentes que servem apenas para encher o seu ego, presentes que fazem arregalar os olhos, mas que profundamente não tem apreço nenhum.
O dia dos namorados está chegando e o que mais ouço é “o que você acha que devo dar para o meu namorado?” MEU DEUS! Ninguém enxerga o absurdo presente nesta frase?! Como EU, simplesmente, poderia decidir o que dar pra o SEU namorado? E é ai que entra meu mais frequente questionamento: cadê o valor de datas comemorativas tão importantes? Está realmente no quanto seu salário pode pagar? Tenho certeza que não.
Somos controlados todo o tempo pela mercado e sua publicidade.
Se isso ainda não se tornou uma realidade coerente para você, se enfie agora mesmo
num shopping mais próximo e tente sair de lá sem comprar uma bala.
O que a sociedade, como um todo, não percebe é o quanto isso está abalando nossos valores.
Pergunte a qualquer criança ainda no primário a importância do Dia do Índio e ela te responderá
com os olhinhos brilhando mais ingenuamente possível que serve para pintar o rosto e desenhar indiozinhos
na escolinha. Pergunte a um jovem o que é mais importante no Natal e ele responderá que é ganhar o seu tão
esperado Ipad por ter se comportado durante todo o ano. Pergunte ainda a um pai o que acontece na Páscoa, então ele responde - resmungando- que ele fica duas horas na fila das Lojas Americanas pra comprar um ovo para o seu filho.
Sem contar no apelo emocional quando chega próximo a época do Dia das mães e do Dia dos namorados...
se você por acaso não tiver uma mãe ou um namorado, você será um ser a parte do Planeta Terra, pois todos
estarão estourando seus cartões de créditos comprando o "presente perfeito".
As pessoas não se questionam se o presente material é tão necessário quanto o sentimental.
As pessoas esquecem o verdadeiro porquê de estarem se presenteando, se abraçando e comemorando.
Talvez comemorem porque conseguiram se abraçar dentre a rotina corrida a pessoa querida.
Talvez comemorem porque a nutricionista liberou o chocolate porque é páscoa.
Talvez comemorem porque estão comendo bacalhau com vinho...
Mas nunca, ou quase nunca, estão comemorando por seus reais motivos.
E é isso que a indústria de transformação de homens sentimentais em robôs querem, que você compre, gaste, consuma e depois pague.
Paremos de tanta burocracia com nós mesmos, sintamos o sentimento que paira no ar quando algo está sendo comemorado, que, por favor, sejamos nós mesmos quando formos presentear o amigo, o irmão, a mãe, o namorado, o marido. Sejamos originais, criativos, verdadeiros, porque se assim formos não perguntaremos à amiga mais próxima o que dar para o namorado no dia dos namorados, nem o que dar a ela de Natal. A vida é imensa demais para se resumir a dinheiro. O sentimento vigora, o material é esquecido e se desfaz com o simples passar do tempo.
Por Carla Leite e Mariana Elena
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